Helio Miguel - Paraná Online 22/05/10
O setor de Tecnologia da Informação (TI) tem se aproveitado bastante do crescimento da economia nacional, depois da crise. Apontado como um ramo que poderia lucrar no período ruim, já que ajudaria as empresas a economizarem mais, o segmento está com orçamentos maiores que no ano passado. Porém, os investimentos podem acabar em um gargalo difícil de ser ultrapassado a curto prazo: a falta de mão de obra qualificada.
A BRQ IT Services, que tem uma unidade em Curitiba desde 2006, é exemplo dessa situação. Em expansão, a empresa pretende dobrar de tamanho este ano, tanto em espaço como em número de colaboradores. A ideia é passar de cerca de 300 para 600 funcionários. Porém, encontrar mão de obra com a qualificação desejada tem sido uma tarefa complicada.
O presidente da companhia, Benjamin Quadros, diz que o problema é geral no setor. "Está cada vez mais difícil achar profissionais qualificados na área, no Brasil. Esse é o grande desafio do setor, no País, para não sofrer um apagão de mão de obra", explica.
Investimentos
Por outro lado, apesar do gargalo da mão de obra, as empresas de TI brasileiras estão investindo mais que no ano passado. "Em uma reunião com 200 CIOs ("Chief Information Officers", como são chamados os executivos de informática), conversei com 70. Todos estão com orçamentos maiores que no ano passado, comprando e investindo mais", informa Quadros.
O setor, de acordo com o executivo, cresceu menos durante a crise, já que os clientes, principalmente indústrias, reduziram investimentos em projetos de longo prazo. Porém, a maioria das empresas do ramo não chegou a passar por grandes crises, já que a tecnologia foi vista como grande aliada na hora de reduzir custos. Setores como o bancário, por exemplo, não pararam de investir. "E eles são grandes compradores e dependentes de tecnologia", nota.
Há falta de pessoal qualificado em várias áreas
A falta de mão de obra qualificada não é uma tendência observada apenas no setor de Tecnologia da Informação (TI), no Brasil. De acordo com a gerente de Operações da empresa de consultoria em recursos humanos De Bernt Entschev, Luciana Serafin, dificilmente os profissionais bem qualificados estão desempregados, hoje. "Os bons profissionais estão trabalhando. Dos que estão disponíveis, falta qualificação, experiência ou investimento na carreira", afirma.
Segundo Serafin, as empresas não vêm tendo problemas apenas para encontrar essa mão de obra. Quando encontram, ainda precisam convencer os profissionais a trabalharem lá. "Quando aumenta o número de oportunidades, os profissionais também ficam um pouco mais exigentes na escolha, consideram aspectos que em períodos de crise, não considerariam", observa.
Chances
Para aproveitar essas oportunidades que já existem ou estão para surgir, Serafin ressalta que as pessoas devem, primeiramente, saber as áreas com as quais têm mais afinidade. O próximo passo é pesquisar quais dessas áreas estão crescendo, e aí, depois de escolhida, investir na qualificação, que pode ir desde cursos técnicos, até especializações ou pós-graduações.
A dica vale, inclusive, para quem está de olho em uma mudança na carreira. Nesse caso, ela aconselha os profissionais a procurarem, em setores que estão em crescimento, áreas que se encaixam no que eles já sabem fazer. "Se eu trabalho com RH, posso buscar vagas nessas áreas em empresas de infraestrutura, por exemplo", diz. Outro fator que deve ser considerado, nesse tipo de mudança, é uma possível redução de ganho ou posição. "É um passo para trás, mas que pode ser bom para o futuro", conclui.
Mais de cem empresas estão instaladas em Curitiba
O Tecnoparque é apenas uma das áreas de Curitiba onde há incentivos para a instalação de empresas de ciência e tecnologia. Atualmente, além da BRQ, que foi uma das primeiras a se estabelecerem no local, outras 111 empresas participam do programa, ou estão em processo de ingressarem nele. A Agência Curitiba de Desenvolvimento, que administra o programa, estima que, nos dois últimos anos, R$ 170 milhões foram investidos no parque, que também concentra cerca de 46 mil estudantes, 3,4 mil professores e 500 grupos de pesquisas acadêmicas. Os locais delimitados pelo programa compreendem, hoje, o chamado Anel Logístico, no entorno da Linha Verde e da Avenida Marechal Floriano Peixoto, o setor central do Rebouças e os aneis norte e sul da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), onde estão, respectivamente, o Parque de Software e o Tecpar. (HM)